quinta-feira, 9 de junho de 2011

Cientistas da UC descobrem como a força destruidora dos vulcões pode originar vida

Um estudo da Universidade de Coimbra (UC) está a ser destacado pela NASA como um dos mais interessantes do ano na área da detecção remota. Vasco Mantas, responsável pela investigação, analisou imagens de satélite de uma região do Oceano Pacífico – na faixa sudoeste, junto a Tonga – após a erupção de um vulcão submarino e descobriu que se produziu um bloom no aparecimento de microalgas naquela zona.
«Trata-se de uma área do Pacífico com um défice de certos nutrientes, o que impõe limites à vida. Mas foi possível verificar que existiu uma coincidência espacial e temporal entre uma mancha de água descolorada com cerca de 100 quilómetros, provocada pelo vulcão, e uma grande concentração de microalgas», explica o investigador, acrescentando ainda que «os magmas libertados no mar pela erupção contêm precisamente o tipo de componentes que poderiam provocar o surgimento daqueles sinais de vida».
A observação feita por Vasco Mantas, no âmbito da sua actividade no Laboratório de Detecção Remota e Sistemas de Informação Geográfica da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC, prolongou-se durante cinco meses, tendo sido estudadas outras erupções submarinas no Oceano Pacífico. Segundo o investigador, existem teorias que sustentam que a cinza vulcânica pode originar o tipo de fenómeno agora observado, mas esta é a primeira vez que se documenta o aparecimento de vida a partir dos efeitos da actividade de um vulcão submarino.
Vasco Mantas refere ainda que o seu trabalho pode ser um ponto de partida para descobertas noutras áreas. «O surgimento de microalgas em zonas do oceano onde não seria suposto existirem tem consequências, por exemplo, na cadeia alimentar, fazendo aumentar a “carga” de peixe, e na diminuição da quantidade de dióxido de carbono que é lançado para a atmosfera», explica.
A abertura de novos campos de investigação é, de resto, a razão principal apontada por Alcides Pereira, Director do Departamento de Ciências da Terra, instituição onde decorreram os trabalhos de investigação, para justificar a distinção da NASA. «É muito relevante que um país periférico, como Portugal, podendo ter acesso a dados de alta tecnologia, consiga produzir resultados desta dimensão, fazendo uso apenas do seu know-how», afirma.
O estudo em causa foi realizado em parte com recurso a imagens do sistema de visualização e análise de dados da NASA, designado por Giovanni, e encontra-se actualmente em destaque na página Web da agência espacial norte-americana, emhttp://disc.sci.gsfc.nasa.gov/gesNews/giovanni_publications_update_April_2011.


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